sábado, 31 de janeiro de 2015

A VIDA É BEM MAIS QUE ISSO!



A vida é mais que isso!

A vida é bem mais que o maçarico da cidade grande
Mais que poluição
Mais que a disputa de um lugar no ônibus
A vida é bem mais que o trabalho
Mais que ser consumido no emprego ao invés de gastar energia produzindo algo realmente produtivo
É mais que o dinheiro
Que o consumismo
Mais que os excessos da comida, bebida e sexo
A vida é o instante
É ser finito e coexistir com uma mente infinita
É dormir e acordar, sabendo que ela se encontra lá, do seu lado
É olhar para o mundo e saber que há um cão amigo ao seu lado
É tornar eterno os momentos que surgem ao lado daqueles que o geraram, que cuidaram de você
É andar e saber que pelo caminho há o pão do humanismo
Há um pássaro que ainda canta
Um rio que ainda não secou
Um amor que não endureceu
Há um sonho
Há um dinamus que o torna real
Há aquele que É! Comunga e anda dentro e através de nós.

Pedro Henrique Curvelo
Janeiro de 2015

sábado, 10 de janeiro de 2015

UM ESPELHO, UMA IMAGEM E UMA PESSOA - Reflexão sobre o atentado terrorista na França



Certo viajante uma vez contou a seguinte história:

Nos tempos mitológicos, onde a fantasia trazia cores para o preto e branco da realidade do homem, havia um único espelho. Neste, deuses, anjos e homens se juntavam para contemplar a Imagem.

Imagem! Representação de uma ideia que interpretamos e aceitamos como real. Um fantasma que não assusta. Um portal que mostra o mesmo mundo e face que conhecemos, mas sob um outro ângulo.

Um espelho onde todos olhavam. A imagem refletida do todo gerava a contemplação do um. Um gerado pelo todo. Todos os homens se tornando um homem. Todos os deuses se fundindo no espelho e gerando um único deus.

Ver todos os homens no espelho e considera-los um se tornou normal. A normalidade virou rotina. Vez ou outra, todos se uniam e olhavam para o único espelho e viam apenas uma imagem.

O que era rotina foi surpreendido pelo acaso. O “de repente”. De repente o espelho perdeu estabilidade e quebrou. Com a queda, fragmentos se espalharam pela terra e pelo céu. Assustados com o imprevisto, todos correram para pegar um pedaço e garantir uma parte da Imagem. A cooperação deu lugar para o egoísmo. A inteligência para fundir os pedaços de vidro, deu lugar para a ignorância.

Separados, o todo do um, só era possível para cada homem e deus ver em parte a Imagem. Pela limitação dos pedaços um homem só enxergava a si mesmo. Não tinha espaço para olhar o semelhante. Um deus só contemplava sua personalidade e nome. O pedaço que cada um tinha só tornava possível a contemplação do um.

No início foi estranho. Depois o estranho cauterizou a consciência. Foi comum então olhar para um pedaço do espelho e considera-lo o espelho. Foi comum um homem olhar para um espelho e pensar que apenas ele era o todo. Pois, era o que sua ótica mostrava.

Assim seguimos. Matamos em nome de Jeová, Alá, Maomé e Jesus. A mão de todos os homens está suja em nome do seu deus ou em nome do poder econômico e político travestido de discurso religioso.

Não percebemos que matamos a nós mesmos. Destruímos a Imagem do que é Deus e do que é homem. Os poucos fragmentos do vidro que poderiam ser unidos estão ficando extintos.

Um dia o meu vidro voltará para a areia. O seu também. Então, perceberemos que éramos um no nascimento, como um seremos na morte.

Como viajante, sigo o meu caminho. Comungando com outros viajantes. Todos no mesmo Caminho.

Pedro Henrique Curvelo

Janeiro de 2015