sexta-feira, 29 de agosto de 2014

MESSIANISMO POLÍTICO



A relação entre política e religião é literalmente a figura do lobo se vestindo de ovelha. A peculiaridade nesse caso é a indefinição de quem é lobo e quem é ovelha. É um estado de metamorfose, pois, em algum momento histórico a política pode usar a religião, outro esta a aquela e, até mesmo, um defraudar o outro.

É um processo totalmente incoerente. Onde se é capaz de se sujar com água e se lavar com sangue. Nesse antagonismo poucos enxergam.

Política e religião sempre viveram juntas, no Antigo Egito eram fundidas onde o líder político (Faraó) era também a encarnação do divino. Os hebreus se constituíram como nação escolhida por uma ordem divina. Na Europa Absolutista os reis tinham o selo da eleição divina. E a Igreja Católica construiu o seu próprio Estado: O Vaticano.

Nessas eleições é possível ver o messianismo político. Alguns encaram a Marina como a escolhida de Deus, apesar dela ser totalmente discreta com a sua fé. Dilma sobe no altar do Manuel Ferreira e diz que "feliz é a nação cujo Deus é o Senhor". O PSC lança um candidato que é pastor.

Os religiosos querem garantias contra o "kit gay", obrigação da inclusão da bíblia em bibliotecas, mas, não protestam contra a corrupção. São capazes de se calar diante, por exemplo, dos escândalos de corrupção do PT para garantir favores políticos, como concessões na televisão e rádio. Conseguem fazer uma oração abençoando Arruda em pleno ato de corrupção. Se vendem por pouco. De fato, conseguem "engolir um camelo e se engasgarem com uma mosca".

Existem momentos onde essa relação é quebrada. Como na época de Jesus, onde alguns esperavam que ele reivindicasse o poder político e religioso. No entanto, não o fez. Deixou "César" de um lado e o "templo" do outro lado. Seguiu apenas o seu caminho.


Nossas estruturas sociais não separam o político da religião. Mas, nas nossas consciências poderemos fazer esse divisor. Preservando a nossa relação com o Sagrado e encarando as questões políticas na ótica do racionalíssimo político. Assim, nossa fé será verdadeira em nós e nosso lado político amadurecido em conhecimento e atitude.

Pense nisso!

Pedro Curvelo
Agosto de 2014

sábado, 23 de agosto de 2014

UMA VIDA SEM GARANTIAS



Eu escrevo esse texto
Mas, amanhã não sei se terei visão para ler, força nas mãos para escrever e nem saúde mental para refletir.

Tenho um carro na garagem
Mas, não sei se amanhã ele voltará. Pode ser roubado ou posso bater

Tenho um emprego estável
Mas, o mercado é dinâmico
A empresa pode acabar ou o meu setor ter redução de gastos

Tenho uma companheira
Mas, amanhã a chama desse relacionamento pode acabar
Um de nós dois morrer ou simplesmente terminarmos

Assim eu vivo
Igual a você que faz essa leitura
Sem garantia de nada

Podemos mitigar os riscos, mantendo uma alimentação saudável, por exemplo, embora tal prática não elimine a probabilidade de uma doença ocorrer

Tudo pode acontecer
Seja algo bom ou ruim
O que fazer?
Se a qualquer momento podem pedir a nossa alma

A única garantia que temos é o Agora. O Agora é um ramo da videira chamado Hoje

Sem apoios, nosso eu interior balança até encontrar um ponto de equilíbrio. Não rígido, mas flexível frente aos acontecimentos inesperados desse mistério chamado vida.

Essa consciência nos separa do medo do amanhã. Alimenta a paz no hoje e a força para vivermos em plenitude.

Pedro Henrique Curvelo
Agosto de 2014

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

LABIRINTO DOS VIDROS



Fleches de uma memória
O retorno a um ponto não definido por mim
Mas gerado dentro de mim

Há dois corpos
Mas várias identidades

É coerente definir como identidade quando o real se mistura com o abstrato?
Quando a energia consumida em uma imaginação se fundi com o corpo físico em sua atividade

É como se o Eu estivesse rodeado por vários espelhos
Cada um parece ter vida, pois reflete a imagem e locomoção de quem o projetou

Como se achar no labirinto dos vidros?
O espelho mostra em parte
O caminho da cegueira mostra a plenitude
Par alcançar, é necessário ouvir atentamente o som da surdez

Por ali ninguém passou
Nunca ninguém entrou
Só há um que de dentro saiu
Com a ordem criada se entrelaçou
Por fim, se corrompeu e se viciou do swing das identidades

Em uma dimensão os espelhos
Em outra o voar adormecido

Necessário se faz do sono do voo despertar
Para no silêncio então flutuar

Pedro Curvelo
Agosto de 2014