quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Chore pelos filhos de Sara! Chore pelos filhos de Agar! Uma reflexão sobre o conflito entre Palestina e Israel



Bíblia a respeito de Isaque filho de Sara (os israelenses são descendentes de Isaque):Gênesis 17:19: 

"E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua descendência (Israel) depois dele." Gênesis 17:19

Bíblia a respeito de Ismael filho de Agar (os árabes são descendentes dos ismaelitas):

Mas também do filho (Ismael) desta serva farei uma nação, porquanto é tua descendência." 

Gênesis 21:11-13

Alcorão a respeito de Ismael filho de Agar:

"Deus deu dons a todos Ismael, Eliseu, Jonas e e Lot favor acima das nações. Com alguns de seus antepassados e seus descendentes, e seus irmãos; e Nós os escolhemos e os guiamos até à senda reta" Alcorão 6:86, 87

Alcorão a respeita de Isaque filho de Sara:

“E sua mulher, que estava presente, pôs-se a rir, por lhe anunciarmos o nascimento de Isaac e, depois deste, o de Jacó. Ela exclamou: Ai de mim! Conceber, eu, que já sou uma anciã, deste meu marido, um ancião? Isto é algo assombroso! Disseram: Assombras-te, acaso, dos desígnios de Allah? Pois sabei que a misericórdia de Allah e as Suas bênçãos vos amparam, ó descendentes da casa (profética); Ele é Louvável, Gloriosíssimo.” Alcorão, 11:71-73

O conflito entre Israel e o Hamas da Palestina fez o mundo novamente refletir sobre a situação na terra da Palestina. 

O excesso de informações e o sensacionalismo das redes sociais ofuscam uma reflexão clara da situação. Não é objetivo aqui desse texto fazer o trajeto histórico e social. Demandaria muito tempo, pois é complexo. Envolve a figura de Abraão na Bíblia e do Alcorão, a invasão de Canaã, a invasão dos Assírios a Israel, a conquista da Babilônia, o império Persa, a invasão Romana, os Otomanos, o Holocausto e a formação do estado de Israel, confronto com o Egito, Síria e Jordânia.... ufa! É muita coisa envolvida.

Hamas é só a ponta do iceberg. É uma milícia (terroristas) de cunho político e religioso. É fruto do extremo da crise humanitária e política que vive a Palestina.

É irracional abrirmos mão da complexidade política local para ficarmos presos só a jargões religiosos e políticos.

Colocam uma narrativa de Cruzada Religiosa que já foi usada no passada pelos Cristãos europeus para tirar Jerusalém do muçulmanos e dos judeus.

"Israel sofre isso porque tem governo de extrema direita". Jargão político e sem sentido. Hitler atacava os judeus com ambos os jargões: Religioso ao dizer que os alemães vingariam a morte de Jesus, matando os judeus e político ao dizer era o berço do capitalismo. Mas, depois dizia que era o berço do comunismo e assim por diante. Sem sentido nenhum.

Entenda isso:

Hamas não é igual a Palestina. É a mesma coisa que comparar a milícia e tráfico do Rio com a população.

É legítima a causa Palestina. Mas não é legítimo o terrorismo do Hamas. Quando teve a formação do Estado de Israel na ONU, com participação do brasileiro Osvaldo Aranha, dividiram a terra palestina. Reconheceram Israel como Estado. Mas, não reconheceram os palestinos como nação soberana.

É legítimo o direito de defesa de Israel. Mas não é legítimo bloquear água, comida e energia para Gaza. Ou os assentamentos judaicos em território palestino. É cruel não permitir que os palestinos se refugiem em Israel. E colocar que só devem fugir para o Egito. Além de cruel é egoísta. Querer que o vizinho lide com um êxodo que ele mesmo não quer administrar.

Cuidado com o jogo de narrativa dos políticos e da mídia. Se você só escuta a história da chapeuzinho vermelho e o lobo mau pela ótica da chapeuzinho, o lobo sempre será mau.

Se for se lamentar pelos filhos de Sara (Israel), chore também pelos filhos de Agar (Palestinos). Pois no final possuem a mesma origem.

Por fim, penso que terra pertence aos dois. Acredito que o Hamas irá perder. Irão pegar isso como troféu e não irão tratar a causa raiz: A questão da soberania da Palestina. Não pense que é um problema simples. Após o fim da Segunda Guerra Mundial até hoje, não se chegou a uma solução final. Por isso, não simplifique o que é complexo. 

Pense nisso.

Pedro Henrique Curvelo

Outubro de 2023