segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

OS FINS ECONÔMICOS JUSTIFICAM OS MEIOS RELIGIOSOS




Você conhece a velha frase: “Os fins justificam os meios”. Apesar de, erroneamente, associarem a frase à Maquiavel, não há como provar que o autor de O Príncipe tenha escrito ou falado isso.
Vou adaptar a frase para “Os fins econômicos justificam os meios religiosos”. Digo com essa frase que o poder econômico é o que respalda a ação de qualquer entidade. Com isso, se for necessário utilizar o discurso religioso para alcançar esse fim, que assim seja.

A grande empreitada dos reis católicos para expandir a fé cristã nas américas é uma prova disso. Financiar missionários era uma forma de preparar o terreno para a exploração. Os EUA e a Inglaterra também fizeram com missionários protestantes.

Eu poderia em ordem cronológica abordar as evidências ao longo dos anos, mas quero chegar rapidamente ao ponto que o Brasil vive com um novo presidente. Que possui um discurso totalmente afinado com o conservadorismo cristão.

A expressão política “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” fortalece a posição de Bolsonaro com relação aos evangélicos e católicos. Abre, inclusive, as portas do aeroporto para a visita do Primeiro Ministro de Israel, Netanyahu. A primeira de um chefe do estado judeu desde a sua fundação.

Em volta do Netanyahu há muita euforia. Desde a pose para foto do Silas Malafaia, o selo dos Correios até a do próprio chefe de Estado Israelense. Fortalecer o vínculo espiritual de parceria entre evangélicos e judeus, Brasil e Israel, traz um ganho econômico muito grande. O apoio do Brasil para a mudança da embaixada para Jerusalém, ampliação do turismo religioso e compra de tecnologia de segurança por parte do Brasil de Israel (Sim! Eles são referências nessa área).

Por fim, lembre-se que para fortalecer o poder é possível até que coloquem argumentos religiosos nas relações políticas. Isso é comum. Sempre aconteceu e sempre acontecerá. Não espere um “messianismo” de um líder. Mesmo que tenha “Messias” no sobrenome ou aliança com Israel. Encare-o como humano e político. Onde o seu sucesso dependerá de acordos e diálogo.

Feliz 2019!

Pedro Curvelo
Dezembro de 2018
Imagem: https://medium.com/@charlesomoregie/uma-carta-aos-meus-amigos-crist%C3%A3os-que-apoiam-o-bolsonaro-c8b466dcf0d0

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

STJ CONTRA A PRINCESA ISABEL: O PROCESSO MAIS ANTIGO DO BRASIL



Recentemente o Brasil assistiu a análise do STJ ao processo mais antigo do Brasil. 123 anos de reinvindicação do Palácio Guanabara. O processo teve início com a própria Princesa Isabel junto com o Conde D’Eu em 1895 e continuou com os seus descendentes.

A postura do STJ não foi imparcial. Pelo contrário, a dissertação foi cheia de frases de efeito contra a Monarquia disfarçada de um discurso de que todos os brasileiros são iguais. Conceito muito maquiado pela República que vivemos hoje. Só um argumento já mostra isso: O foro privilegiado.

No entanto, o Palácio Guanabara, antigo palácio Isabel, era propriedade particular da Princesa. Vou reforçar a palavra “particular”.

Não era um bem público. Não era sede administrativa do poder imperial como era o palácio da Quinta da Boa Vista ou o Palácio Imperial de Petrópolis.

Vejam como ela foi adquirida:

A constituição de 1824 instituía a dotação das Princesas quando estas se cassassem. Com o casamento da Princesa Isabel com o Conde D’Eu, o casal recebeu um valor de 300 contos de réis. É como se um executivo de uma grande corporação recebesse um bônus. Vale lembrar que esse valor não era um "presentinho de casamento". Pelo contrário, casamento entre famílias imperiais carregava vários acordos diplomáticos por trás.

Com o tempo, esse valor se somou com o dinheiro do Conde D’Eu e compraram a propriedade em Laranjeiras.

Ou seja, compraram com o dinheiro deles.

Mas o dinheiro não era do Governo? Sim. Fruto do salário.

Mas, isso não justifica a apropriação do palácio. Se fosse assim, todo bem adquirido por um funcionário público seria Público e não Particular.

Sendo assim, não é necessário ser monarquista para entender que a propriedade particular é inviolável. E esta, no caso da Princesa Isabel, foi violada.

Pense nisso!
Pedro Curvelo
Dezembro de 2018