Desde o dia 02 de fevereiro a
página do Facebook oficial da Ivete vem gerando vários comentários devido a sua
declaração para Iemanjá, o orixá das águas para a umbanda e para o candomblé. O post
polêmico foi um simples: “Salve Iemanjá!!!”.
Dia 2 de fevereiro é considerado o
dia de Iemanjá. Diversos cristãos bombardearam a página da rede social da cantora baiana com
trechos da bíblia que condena a idolatria, como o texto de Êxodo 20: “Não terás
outros deuses diante de mim... Não farás para ti imagem esculpida... Não te
prostrarás diante desses deuses”.
Utilizar um livro de fé para
respaldar um argumento é prejudicial quando se tornar uma arma para atacar quem
acredita de forma diferente. A Bíblia só é respaldo para quem acredita nela,
quem não acredita, não serve como parâmetro. Como o Apóstolo Paulo disse: “A fé
esclarecida que tens, guarda-a para ti diante de Deus” (Romanos 14:22). Logo,
se você não acredita em imagens, guarde para você e a exponha quando alguém
perguntar a sua opinião ou em um local de debate apropriado.
A condenação da prática da
adoração a imagens ou deuses é absoluta para a pessoa que acredita. Quem não
acredita, se torna relativa. Pois, a bíblia é um livro de fé e não um manual de
verdade absoluta (no que diz respeito a diversidade do pensamento humano). Para
um cristão, o texto de Êxodos, Deuteronômio e tanto outros que trazem a
definição do que seria idolatria é absoluto apenas para ele. Para um devoto de
Iemanjá, não.
O mesmo texto é relativo até para
um judeu e um cristão. Boa parte dos cristãos acredita que Jesus é o Deus
encarnado. Para um judeu isso é idolatria! Quem tem razão? Difícil dizer, pois
cada um interpreta conforme a sua constituição.
Voltando para o Facebook da
Ivete, outros partiram para um exorcismo virtual: “tá repreendido... Só Jesus
na causa”.
Precisamos entender que um perfil
social pertence ao seu correspondente. Ivete, no seu perfil, escreve aquilo que
é referente a ela. Ou seja, sobre música, sobre a sua família e sobre a sua fé.
Neste, como é devota, manifestou sua homenagem postando a mensagem “Salve
Iemanjá”.
Ela não perguntou: “Alguém
acredita em Iemanjá?”. Se fosse, abriria margem para debate e opiniões
diversas, mas não foi isso o que ocorreu.
Vou trazer o cenário para a minha
vida. Eu sou um cristão. Sendo assim, posso publicar no Facebook a frase “Jesus
Cristo é o Senhor”. É a minha fé e a página é minha. Me sentiria ofendido se
alguém criticasse essa minha crença.
Vivemos em um país laico, onde a
liberdade de crença é incentivada. Se podemos ver diversas postagens de
versículos bíblicos e convites para cultos, quem é de uma fé diferente, também
tem o direito de manifestar a sua devoção.
Salve a liberdade de crença!
Pedro Curvelo
Fevereiro de 2014
Um comentário:
Seu texto meu fez pensar sobre nossas crenças populares, de uma cultura tão rica e distinta mas que aos poucos se torna escassa e folclórica. Uma simples tradição anual como forma de agradecimento á um ''Ser Natural'' possa ser um tabu.
Diante disso não podemos negar á ignorância da comoção o retardo das redes sociais,e seus seguidores.
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