Ter um espírito protestante não significa pertencer a uma Igreja Evangélica ou uma Igreja tradicional do tempo da Reforma. Protestar é um estado ativo que todo ser humano precisa ter para preservar a singularidade da fé e o bem estar do ser humano nessa terra.
No próximo dia 31 de Outubro iremos completar 496 anos da Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero. O monge católico que contestou os abusos de poder de da Igreja Católica, a apropriação indevida do dinheiro do povo com a promessa de perdão (indulgência) e a defraudação do sacro evangelho com sementes do paganismo.
Deste movimento, diversas igrejas cristãs surgiram, o capitalismo ganhou força, teorias políticas ganharam insumos e o humanismo se expandiu.
No entanto, nos dias de hoje, essas igrejas cristãs, em boa parte, perderam a voz de protestar. Algumas se trancaram em quatro paredes com seus movimentos de adoração. Outras criaram campanhas cujo único fim é retirar dinheiro das massas através de um imposto "divino" chamado dízimo e campanhas de prosperidade que tem mais especulação do que a bolsa de valores.
Líderes evangélicos fazem alianças corruptas em troca de poder e favores. Contra a corrupção se calam. Fizeram das suas igrejas verdadeiros túmulos. Poucos pastores, por exemplo, protestaram contra o Mensalão, inclusive os que estão envolvidos na bancada evangélica. Recentemente, o Pastor Silas Malafaia cedeu o púlpito para o Senador Lindbergh Farias (possível candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro em 2014). Em Nova Iguaçu já presenciei Nelson Bornier e seu vassalo, Mario Marques, subindo em altares de igrejas evangélicas. Não vejo os pastores de Nova Iguaçu protestando contra essa turma. Sujam o altar, trocando a religiosidade por momentos políticos.
Pastores evangélicos tratam suas ovelhas como clientes e não como membros de uma família. Elas são um meio para alcançar o fim do poder e do dinheiro. Cegaram o povo com uma mentira de que se não derem o dízimo serão amaldiçoados. Correm em uma maratona de evangelismo para "ganhar almas", mas na verdade querem clientes. Eles entram em crise emocional ao verem bancos vazios nos seus templos.
Nos esquecemos que cada cristão é um sacerdote e não há a figura do líder espiritual. Somos irmãos em torno de um Pai (Deus) e um irmão mais velho (Cristo).
Se colocaram como uma casta superior onde a salvação pertence apenas a igreja evangélica. Se esqueceram que cada ser humano tem códigos internos e uma forma distinta de interpretar o Sagrado. Logo, as religiões devem coexistir. Não serem iguais, mas terem sinergia para um bem maior: A restauração da dignidade humana. Pois, a verdade que sigo é absoluta dentro de mim, mas com relação ao meu próximo, ela se torna relativa.
Hoje, vejo a voz protestante mais em católicos do que em evangélicos.
Sei que nem todos os pastores se dobraram a Baal. Para estes, oro para que o espírito de protestar flua como uma torrente. Que cada cristão seja livre para ler a bíblia e interpretar de forma simples.
Que nessa data comemorativa (31 de Outubro), protestantes se levantem na política, nas religiões e na sociedade contra toda forma de exploração contra o ser humano.
Pedro Henrique Curvelo
Outubro de 2013
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