O Brasil nunca conseguiu separar a vida privada da social. E
olha que nunca fomos um país comunista. Mas, calma! Isso não é de agora. Temos
essa defraudação nas nossas raízes históricas. O grande historiador, Gilberto
Freyre, em seu livro "Casa Grande e Senzala" vai abordar justamente
isso. A prisão da vida privada.
Quando nossa nação era colônia e depois império, a vida particular era controlada pelo Estado. Por Estado, entenda a fusão entre política e religião católica. O que você come, quanto você gasta, com quem você transa e para quem você está rezando, tudo era monitorado, pelo Estado ou pelos vizinhos. Na parte da religião, os judeus e os protestantes tiveram dificuldade de viver sua fé no âmbito privado.
A mesma situação se aplica hoje. Eu observo as eleições atuais, as propostas e me assusto. A vida privada é colocada mais em pauta do que questões do comum, do todo, da sociedade. Exemplo: como enfrentaremos a recessão? Como lidaremos com a alta carga tributária? E assim por diante.
No entanto, o que se vê é: o candidato A é a favor do casamento gay? O candidato B é evangélico? O candidato C gosta de prostitutas? No emaranhado de interrogações coloco mais uma: o que a vida privada com isso?
Os políticos replicam o que é prática da sociedade. Nossa individualidade é invadida a todo instante.
Se você se relaciona com uma pessoa do mesmo sexo, por
exemplo, isso é colocado em um tribunal social e você é exposto. Se você sai de
uma "casa de massagem", o relaxamento que você conseguido,
rapidamente vai embora porque os “sentinelas do puritanismo” irão questionar.
No aspecto religioso é a mesma coisa. A fé habita no ambiente particular. No entanto, se você sai de uma instituição religiosa, é visto de forma depreciativa, qualificado como "desviado" ou condenado com a frase "vai para o inferno". Infelizmente, temos facilidade em sacrificar o ser humano por causa das nossas crenças.
Precisamos passar por um processo de mudança de consciência. Entender que o privado só pode ser invadido quando prejudica a sociedade. Do contrário, voltamos a Idade Média, onde quem praticava na vida privada a bruxaria era queimado. Quem não era, mas fosse acusado, também iria para a fogueira. Não estamos longe disso. Somos um povo que não sabemos digerir, colocamos na boca e vomitamos. Vejam o caso daquela mulher de Guarujá que foi linchada na rua acusada de bruxaria e sacrifício de crianças. Tudo por causa de uma fofoca do Facebook.
A menina que chamou o goleiro do Santos de "macaco", teve a casa atacada.
São diversos incidentes que se eu escrever irão virar uma enciclopédia.
A discrição e a preservação da nossa vida privada é essencial para a nossa saúde social.
No aspecto religioso é a mesma coisa. A fé habita no ambiente particular. No entanto, se você sai de uma instituição religiosa, é visto de forma depreciativa, qualificado como "desviado" ou condenado com a frase "vai para o inferno". Infelizmente, temos facilidade em sacrificar o ser humano por causa das nossas crenças.
Precisamos passar por um processo de mudança de consciência. Entender que o privado só pode ser invadido quando prejudica a sociedade. Do contrário, voltamos a Idade Média, onde quem praticava na vida privada a bruxaria era queimado. Quem não era, mas fosse acusado, também iria para a fogueira. Não estamos longe disso. Somos um povo que não sabemos digerir, colocamos na boca e vomitamos. Vejam o caso daquela mulher de Guarujá que foi linchada na rua acusada de bruxaria e sacrifício de crianças. Tudo por causa de uma fofoca do Facebook.
A menina que chamou o goleiro do Santos de "macaco", teve a casa atacada.
São diversos incidentes que se eu escrever irão virar uma enciclopédia.
A discrição e a preservação da nossa vida privada é essencial para a nossa saúde social.
Pense nisso!
Pedro Henrique Curvelo
Outubro de 2014
Pedro Henrique Curvelo
Outubro de 2014