terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
NOSSA TENTAÇÃO
Somos tentados a correr
Mas o Hoje pede apenas um passo
Somos tentados a acumular
Mas é uma incoerência quando ainda nem aprendemos a desfrutar
Somos tentados a romper e fugir
Mas será que já tentamos reconciliar?
Somos tentados a pensar mil coisas ao mesmo tempo
Mas não conseguimos desligar e desfrutar o sono do justo
Somos tentados a Ter
Mesmo que tenhamos que vender o Ser
Somos tentados a transformar um memorial em um encantamento
Mas a verdade é que as águas sempre se renovam, apesar do coração ser o mesmo
Somos tentados a boicotar a nossa essência
E quando perguntarem o nosso nome, não responderemos
Simplesmente porque não sabemos
Somos tentados domesticar aquilo que é místico
Enquanto a vela do espírito queima por relacionamento e aliança
Somos tentados a virarmos monumentos
No entanto, temos uma uma constituição que é de barro, somos húmus, filhos de Adão
Somos tentados a cobrirmos a nossa nudez
Mas sem ela não há verdade, não há aliança, por fim, não há vida
Pedro Henrique Curvelo
Fevereiro de 2014
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
O ANONIMATO DO SAGRADO
Aos que andam, carreguem aqueles que não podem andar. Se necessário, desçam pelo telhado (Marcos 2:4).
Aos que enxergam, guiem os que tem as lamparinas apagadas. Em paralelo, vigiem quanto a cegueira do espírito.
Aos que receberam, que contribuam
Dividam, pelo menos em parte, o que de bom receberam.
Aos que foram perdoados, perdoem. Mesmo que o errante esteja surdo e não consiga ouvir a sua liberação.
Aos que foram amparados pelos abraços da figura paternal e pelos seios da figura maternal, que adotem filhos. Mesmo que sejam gerados pelo DNA das tribulações da vida.
Pelo Caminho, dance! Mesmo que todos estejam parados. Pois no fundo, existe uma música. Contagie com os saltos dos pés dos que anunciam boas novas.
Aos que nasceram, cresçam e descubram os mistérios da vida.
Aos que morreram, nossas velas e o reverenciar da nossa memória.
Aos pais, nossas honras
Aos amigos, o comungar de um sábado a tarde.
Ao próximo pelo caminho, seja a sentinela das nossas almas.
Fazendo isso, conheceremos o Sagrado, mesmo sem saber o seu nome.
Pedro Henrique Curvelo
Fevereiro de 2014
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
IEMANJÁ E IVETE SANGALO
Desde o dia 02 de fevereiro a
página do Facebook oficial da Ivete vem gerando vários comentários devido a sua
declaração para Iemanjá, o orixá das águas para a umbanda e para o candomblé. O post
polêmico foi um simples: “Salve Iemanjá!!!”.
Dia 2 de fevereiro é considerado o
dia de Iemanjá. Diversos cristãos bombardearam a página da rede social da cantora baiana com
trechos da bíblia que condena a idolatria, como o texto de Êxodo 20: “Não terás
outros deuses diante de mim... Não farás para ti imagem esculpida... Não te
prostrarás diante desses deuses”.
Utilizar um livro de fé para
respaldar um argumento é prejudicial quando se tornar uma arma para atacar quem
acredita de forma diferente. A Bíblia só é respaldo para quem acredita nela,
quem não acredita, não serve como parâmetro. Como o Apóstolo Paulo disse: “A fé
esclarecida que tens, guarda-a para ti diante de Deus” (Romanos 14:22). Logo,
se você não acredita em imagens, guarde para você e a exponha quando alguém
perguntar a sua opinião ou em um local de debate apropriado.
A condenação da prática da
adoração a imagens ou deuses é absoluta para a pessoa que acredita. Quem não
acredita, se torna relativa. Pois, a bíblia é um livro de fé e não um manual de
verdade absoluta (no que diz respeito a diversidade do pensamento humano). Para
um cristão, o texto de Êxodos, Deuteronômio e tanto outros que trazem a
definição do que seria idolatria é absoluto apenas para ele. Para um devoto de
Iemanjá, não.
O mesmo texto é relativo até para
um judeu e um cristão. Boa parte dos cristãos acredita que Jesus é o Deus
encarnado. Para um judeu isso é idolatria! Quem tem razão? Difícil dizer, pois
cada um interpreta conforme a sua constituição.
Voltando para o Facebook da
Ivete, outros partiram para um exorcismo virtual: “tá repreendido... Só Jesus
na causa”.
Precisamos entender que um perfil
social pertence ao seu correspondente. Ivete, no seu perfil, escreve aquilo que
é referente a ela. Ou seja, sobre música, sobre a sua família e sobre a sua fé.
Neste, como é devota, manifestou sua homenagem postando a mensagem “Salve
Iemanjá”.
Ela não perguntou: “Alguém
acredita em Iemanjá?”. Se fosse, abriria margem para debate e opiniões
diversas, mas não foi isso o que ocorreu.
Vou trazer o cenário para a minha
vida. Eu sou um cristão. Sendo assim, posso publicar no Facebook a frase “Jesus
Cristo é o Senhor”. É a minha fé e a página é minha. Me sentiria ofendido se
alguém criticasse essa minha crença.
Vivemos em um país laico, onde a
liberdade de crença é incentivada. Se podemos ver diversas postagens de
versículos bíblicos e convites para cultos, quem é de uma fé diferente, também
tem o direito de manifestar a sua devoção.
Salve a liberdade de crença!
Pedro Curvelo
Fevereiro de 2014
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