segunda-feira, 1 de abril de 2013

MEU SANTO POLÍTICO




“Protetor nosso que estais em São Borja, honrado seja o vosso nome; venha a nós a nossa proteção, seja feita a vossa vontade, assim no Sul como no Norte; os direitos nossos de cada dia nos dai hoje; e perdoai-nos as nossas imprudências, assim como nós perdoamos aos nossos perseguidores; e não nos deixeis cair no comunismo, mas livrai-nos do capitalismo. Amém!”
Panfleto popular clamando a volta de Vargas ao poder no final da década de 40.
Sempre fiquei admirado com políticos que conseguiram usar suas trajetórias na carreira política para serem canonizados pelo meio popular. Claro que essa “beatificação” não é gerada espontaneamente pelo meio popular, e sim, pela germinação de uma estratégia política. Vargas, foi um ditador, mas soube usar perfeitamente o populismo para construir a imagem do pai dos pobres.
Essa tática política não tem uma patente. Desde que a política existe, ou seja, desde que o homem surgiu e se organizou em sociedade, isso é usado.
Os reis na Idade Moderna respaldavam o seu absolutismo com base na eleição divina. Eram representantes de Deus na terra.
Hitler construiu através do nazismo um culto à sua imagem. Ao ponto, de substituir a bíblia pelo seu livro (Mein Kampf) em algumas igrejas luteranas.
Outro exemplo, mais recente, foi Hugo Chávez. O chavismo criado converteu o coração do povo venezuelano. Mesmo morto fará política, pelo fato de ser embalsamado como ocorreu com Lenin e Stalin .
Essa postura e consideração da massa popular mostra a carência da sociedade por salvadores e uma ideologia. É a esperança que reaviva o sentido de ser e pertencer à um Estado ou organização, mesmo que o risco seja o engano.
É assim que a vida segue. Líderes propagam suas ideias, movidos pela ganância ou crença. O povo levanta estátuas, devota admiração e sacrifícios. Uma relação entre um mortal que se diz “forte” com um mortal que reconhece que é fraco e dependente.
Pedro Curvelo
Páscoa de 2013

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