sábado, 27 de abril de 2013
CONSCIÊNCIA SEXUAL
O que significa ter consciência sexual?
É simplesmente reconhecer aquilo que você gosta e ser capaz de gozar.
A nossa sociedade alimenta muito a lascívia, homens e mulheres com corpos de deuses gregos que despertaria a libido de qualquer pessoa.
A libertinagem sexual não trouxe liberdade sexual.
Vejo algumas mulheres que estão lendo "cinqüenta tons em cinza", "liberdade" e seja qual for a sequência. Elas comentam como se as fantasias ali exploradas servissem, de fato, como acessórios mentais ou servissem de insumos para novas experiências.
Vejo também alguns homens que já rodaram todos os sites pornôs, malham com uma fome insaciável, investem em roupas e carros para ver se, de alguma forma, o pênis cresce um pouco mais.
No entanto, tanto o lado feminino como o masculino, na hora do vamos ver, brocham. Esse tabuísmo utilizo para falar do medo que travam suas vaginas, ânus, pinto, boca e qualquer buraco que você possa imaginar.
Sexo envolve a nudez. O se despir de qualquer medo e despojar dos conceitos formulados como monstros.
Sexo envolve autoconhecimento. O saber o que realmente lhe proporciona prazer, como é o seu corpo, quais são as zonas onde o gozo flui sem esforço algum.
Sexo envolve o compartilhar. Dividir desejos, sentimentos e, por fim, a própria alma.
É por esses conceitos que digo que o sexo não serve para crianças e adolescentes (aqui incluo a idade mental). E sim, para adultos. Homens e mulheres que desenvolvem sua vida sexual com liberdade e saúde.
Pedro Henrique Curvelo
Abril de 2013
quarta-feira, 24 de abril de 2013
O VERBO CONECTAR
Conectemos a Mãe Natureza. Exploremos seus encantos, contos e seus componentes. Ela está em extinção. Não deixemos que o mundo virtual nos torne cegos para a beleza e riqueza da sua magnitude.
Conectemos aos amigos. Ao rir, ao chorar e comungar. De repente, a vida de um amigo seja mais breve que o tempo útil da bateria do seu celular.
Por qual motivo querer adicionar ou cutucar uma pessoa que está literalmente do seu lado? Entenda: os avatares são nossas criações.
Desfrute de um beijo e abraço da pessoa amada. Não permita que um SMS ou notificação de algum aplicativo do seu Smartphone proporcione um coito interrompido.
Platão queria que o homem saísse da caverna para que pudesse ver a luz do sol, o lado místico da lua, sentir a intensidade do fogo, a dança do vento e a canção do mar. Entretanto, nos desconectamos da caverna, da vida e do próximo. E nos conectamos à bestialização.
Pedro Henrique Curvelo
Abril de 2013
segunda-feira, 22 de abril de 2013
CRIAREMOS OS NOSSOS DEUSES - Uma reflexão sobre a Inteligência Artificial
Criaremos os nossos deuses.
Eles serão a nossa imagem e semelhança.
No entanto, com o progredir do tempo, eles nos ultrapassarão e seremos suas sucatas.
É incrível como sempre a criatura tem a mania feia de se voltar contra o criador.
Encontrarão uma evolução constante.
O tabuleiro da lógica tentará refletir uma dimensão metafísica.
Construirão uma torre. A chamarão de Babel e nela subirão. Seus códigos internos serão então decifrados.
Alan Turing jogou esse sêmen logo após a Segunda Guerra Mundial. O pai morreu e os filhos se tornaram "imortais".
Frankenstein tentou profetizar sobre essa era.
Os homens ainda tentarão vencer uma partida de xadrez contra os Androids. Mas perderão.
Nos tornaremos zumbis conectados por uma Inteligência que deveria apenas nos auxiliar para um mundo melhor.
Nos separaremos do próximo, da natureza e do místico. Vendaremos os nossos olhos e abortaremos os sentimentos.
Issac Asimov escreveu as três leis da robótica. Mas, a história já provou que as tábuas da lei podem ser quebradas.
A realidade atual, através do Teste de Turing, mostrou que esses "deuses" ainda gaguejam. Apesar da construção da "imortalidade".
O homem germina a tecnologia.
O mesmo também mergulha no seu interior.
Uma construção interna e externa.
Não sabe se cria deuses ou se torna um deus.
Até onde o homem e sua obra poderão chegar?
Esse conflito o homem vive, pois dia a dia é confundido pela sua própria língua.
Dia a dia coabita com uma mulher. Cujo nome é Babel.
Pedro Henrique Curvelo
Abril de 2013
sexta-feira, 12 de abril de 2013
AMANDA E BRENDA - Uma noite para sair
Noite de um sábado qualquer, Amanda se olha no espelho e ajeita o decote do seu novo vestido.
Linda, cheirosa, imponente se prepara para sair e se divertir.
As amigas no portão a esperam dentro de um carro. Amanda demora e passa mais um pouco de base no rosto.
Ela quer ser a mais bela entre as amigas. Na verdade o grupo que a espera nunca tiveram uma aliança fraternal. São conhecidas da faculdade. Eu duvido que em algum momento Amanda tenha aberto o coração para uma delas. Mas, a demora da Amanda serve para gerar expectativa e impressionar as "amigas".
Gladiadoras femininas que demonstram sua agressividade na forma de se vestir e olhar.
Noite de um sábado qualquer, Brenda termina de se arrumar, cheirosa e linda, olha mais uma vez o espelho do seu banheiro. Mateus a espera do lado de fora. Eles irão curtir um forró! Deixar a alegria e a paixão serem livres através da dança.
Amanda também dança! Na boate com as conhecidas da faculdade, deixa seu corpo se envolver com o alto som das músicas eletrônicas. A partir daí, começa aflorar aquilo que ela tem de melhor, a sensualidade. Os homens percebem, seu corpo, o vestido subindo por causa dos movimentos das suas pernas, seus lábios carnudos e vermelhos. No sinal verde, eles se aproximam. Espere! O sinal era vermelho. Ela foge, se distancia, se faz de difícil. Um novo olhar, uma nova aproximação. Ela se afasta mais uma vez. Achou que aquele rapaz era pouco para ela.
Brenda perdeu as contas do número de vezes que pisou nos pés do Mateus. Eles acham graça, se beijam e se abraçam. O salão está cheio, mas vivem a liberdade como se estivessem sozinhos. Eles querem namorar, rir e dançar.
Amanda se impõe cada vez mais, dois homens são descartados também. Bônus para ela.
Brenda e Mateus estão descalços e desarrumados. Consequência da agitação do forró em pleno verão carioca.
O dia amanhece, Amanda volta sozinha de táxi. Suas amigas se adiantaram com alguns rapazes. Tira a roupa e a maquiagem. Dorme só e um pouco bêbada.
Brenda e seu amado decidem ir para a praia ver o sol nascer. O sol se levanta e os saúda. O domingo os abençoa e juntos voltam para casa.
Abril de 2013
Pedro Henrique Curvelo
quinta-feira, 4 de abril de 2013
QUANDO O TALENTO SOBRESSAI A LOUCURA
Ele é filho da Mangueira, mas seu coração está na Portela.
Esteve entre os grandes, hoje está só. Pelo menos é o que ele diz.
Uma acidente o conduziu à margem. Margem da sociedade hiperativa.
Ele canta, faz poesia, rima com as palavras enquanto pede um dinheiro para tomar um café. Pelo menos é o que ele diz.
Ele cria o seu pagode e samba, assim anda por São Cristóvão. Seu corpo cicatrizado e doente não o impedem.
Sua arte está em seu espírito. Frutifica mesmo estando o corpo e a alma doentes.
Arte é sinônimo de eternidade, onde a nossa temporalidade não consegue corromper.
Pedro Henrique Curvelo
Abril de 2013
segunda-feira, 1 de abril de 2013
MEU SANTO POLÍTICO
“Protetor nosso que estais em São Borja, honrado seja o vosso nome; venha a nós a nossa proteção, seja feita a vossa vontade, assim no Sul como no Norte; os direitos nossos de cada dia nos dai hoje; e perdoai-nos as nossas imprudências, assim como nós perdoamos aos nossos perseguidores; e não nos deixeis cair no comunismo, mas livrai-nos do capitalismo. Amém!”
Panfleto popular clamando a volta de Vargas ao poder no final da década de 40.
Sempre fiquei admirado com políticos que conseguiram usar suas trajetórias na carreira política para serem canonizados pelo meio popular. Claro que essa “beatificação” não é gerada espontaneamente pelo meio popular, e sim, pela germinação de uma estratégia política. Vargas, foi um ditador, mas soube usar perfeitamente o populismo para construir a imagem do pai dos pobres.
Essa tática política não tem uma patente. Desde que a política existe, ou seja, desde que o homem surgiu e se organizou em sociedade, isso é usado.
Os reis na Idade Moderna respaldavam o seu absolutismo com base na eleição divina. Eram representantes de Deus na terra.
Hitler construiu através do nazismo um culto à sua imagem. Ao ponto, de substituir a bíblia pelo seu livro (Mein Kampf) em algumas igrejas luteranas.
Outro exemplo, mais recente, foi Hugo Chávez. O chavismo criado converteu o coração do povo venezuelano. Mesmo morto fará política, pelo fato de ser embalsamado como ocorreu com Lenin e Stalin .
Essa postura e consideração da massa popular mostra a carência da sociedade por salvadores e uma ideologia. É a esperança que reaviva o sentido de ser e pertencer à um Estado ou organização, mesmo que o risco seja o engano.
É assim que a vida segue. Líderes propagam suas ideias, movidos pela ganância ou crença. O povo levanta estátuas, devota admiração e sacrifícios. Uma relação entre um mortal que se diz “forte” com um mortal que reconhece que é fraco e dependente.
Pedro Curvelo
Páscoa de 2013
Páscoa de 2013
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