Anjos e demônios moram em cada um de nós. Não uma legião de seres que se digladiam entre o bem o mal, mas apenas um ser, o seu ser que se sustenta em uma dualidade: A angelical e a satanizada.
Nesse caminho que chamamos de vida é imperativo o encontro com esse ser. Essa demanda fica mais complexa, principalmente, no mundo que vivemos, onde tudo é rápido, agitado e para ontem.
Se o homem erra ao passar sua vida só alimentando a luxúria do exterior, erra também na forma que utiliza para encontrar o seu interior.
Aqui vale um princípio muito importante: O caminho do autoconhecimento só é saudável quando guiado pela própria consciência.
Com isso quero dizer: Sem ajuda de nenhum tipo de droga ou magia. Seja o nome que for. Se não for um ato do consciente (autognose), é apenas brincar com uma boia na piscina da alma.
Sua alma é um oceano onde no fundo existe uma beleza natural, mas também existem monstros. Logo, mergulhar é um processo devagar.
Se você mergulha muito depressa dentro do seu interior, encontrará vertigem e loucura. Encontrará um ápice de euforia com a adrenalina a mil por hora, mas com a mesma velocidade, será jogado para um vazio depressivo. Cuidado!
Como Jung uma vez disse: "A viagem rumo ao próprio Centro, devido a estas contradições, pode ser mais perigosa e longa do que a viagem à lua e às estrelas"
Tudo é um processo constituído de várias etapas. Uma outra comparação que podemos usar é a do arqueólogo. Se vai explorar o interior de um determinado sítio arqueológico, ele não joga uma dinamite, ele vai cavando aos poucos e o que encontra, não julga logo se é útil ou não. Ele trabalha com fragmentos, para que então, no silêncio, possa construir a verdade.
O autoexame é também cavar aos poucos. Quando surge uma intuição, sonho, ideia ou vulto, não descarta. Entra no silêncio, apura e consolida.
Dessa forma, incentivo você a descobrir o seu interior. Com calma e em silêncio. Não cortando as asas de nenhum "anjo" ou aprisionando algum "demônio", mas trazendo coexistência e equilíbrio entre eles.
Pedro Henrique Curvelo
Janeiro de 2013
Um comentário:
Perfeito. O que não quer dizer que não existam caminhos extremamente seguros e xamãnicos de autoconhecimento tendo por base o uso consciencial e sacramental de enteógenos, como a ayahuasca (santo daime) por exemplo ou o soma védico (bebida expansora da consciência que está na base dos vedas), e tantos outros enteógenos que estão na base de inúmeras escolas espirituais seríssimas em nosso planeta. O uso consciente, ritualístico e sacramental de um expansor poderoso da consciência é um grande propulsor para o autoconhecimento e autoaprimoramento, evidentemente que com os devidos cuidados e preparos adequados para tal. Vide o uso absolutamente amplo de pesquisadores de ponta da chamada Psicologia Transpessoal como o Dr. Stanilav Grof e sua pesquisa com expansores como o chá de ayahuasca. Marcelo Galvan
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