quarta-feira, 28 de novembro de 2012

MÃE FANTASIA



Sonhe, menino! Com um tempo perdido que você não poderá restaurar, mas poderá visitar.

Brincar com os seus fantasmas, cortejar os seus amores.

Desenhe uma asa! E então poderá voar.

O mundo caído tem como imperativo a realidade.

Vivamos! Tenhamos a resiliência como alimento.

Mas, vez ou outra, migremos para a Mãe Fantasia. 

Ela está no nosso interior. Seu portal é o silêncio.

Não há fraqueza que poderá tirar o Éden de você.

Eu subo mais um degrau. Se olho para baixo não vejo o chão, se olho para cima, vejo o desconhecido.

Nos sonhos, tenho fatos.

No mundo real, tenho miragens. 

Hoje eu a vi, ontem eu lembrei, amanhã eu a esquecerei.

No ar vi um absurdo! Um memorial se firmar sem base. No mundo real isso nunca seria possível.

E nele, uma frase que só duas pessoas poderão entender: "Eu te amo hoje mais do que ontem e menos do que amanhã".

Pedro Henrique Curvelo
Novembro de 2012

domingo, 25 de novembro de 2012

A FORMAÇÃO DE UM DEMÔNIO




Um humano nos nasceu
Um demônio se formou

Do proibido conheceu a si
Do fruto, alimentou uma outra natureza

Metamorfoseou o coração 
Errante andou pela terra 
Terra dos humanos, que um dia foi dos anjos e agora é de um demônio

Assim ele quis, assim foi feito

Da sua raiz familiar resolveu cortar
Sua herança roubou, possuiu antes do tempo

Andou errante, procurando um culpado. Viveu acusando

De um espelho, imagem nenhuma viu, nenhuma semelhança identificou

Viu um dia a Cruz. 
Dela riu e não se curvou

Rei quis ser. Por isso se prostrou diante de si mesmo

Pedras carregou para o deserto. 
Se alimentou delas como se fossem os figos do Éden

Cego se tornou para não ver aquele que chamaram de Lázaro

Paralítico se tornou para não seguir as trilhas do Caminho
Surdo se tornou para não ouvir o canto de uma criança

Se isolou para não sentir o vento

Animal se tornou. 
Seu entendimento atrofiou

Quem é ele?
Agora é tarde. O Tempo o levou. As cinzas da sua história não servirão de memória.

Pedro Henrique Curvelo
Novembro de 2012

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

CINZAS DO PASSADO




Ele olhou para o passado em busca de algum vestígio, no entanto, só encontrou cinzas.
Sem referência, memória ou fragmentos. Teve que encarar o presente partindo do estado zero.

Nem sempre o novo se constrói sobre ruínas. Tem momentos que precisa ser trabalhado sobre um terreno virgem. Se há fantasmas escondidos, as erosões do futuro irão mostrar.

Ele pegou o papel, construiu o preto e o branco. Do seu interior teve que buscar forças para colorir.

Uns chamam isso de fé.

Mas, nesse aspecto, a fé tem outra dimensão. Pois não floresceu de uma promessa, testemunho ou "dito profético". Ela germinou sem semente. Do vazio surgiu, crendo em algo que ninguém consegue ver.

Do Mistério veio o querer e o realizar. Como consequência, uma jardim surgiu. Jardim esse que para ele será um memorial.


Pedro Henrique Curvelo
Novembro de 2012