domingo, 28 de abril de 2024

VOCÊ REALMENTE SABE O QUE É CONSCIÊNCIA DE CLASSE?

 


É normal em discussões sobre Capitalismo e Socialismo, ouvirmos a expressão “Consciência de Classe”. Principalmente em termos dos direitos do trabalhador e sua relação com os patrões.

O discurso sobre essa tal consciência acaba entrando mais em um terreno de jargões de sindicatos do que praticamente uma diretriz ou processo que o trabalhador pode seguir. Expressão essa originada no Marxismo e a Ditadura do Proletariado. Se bem que o próprio Karl Marx não dogmatizou esse conceito.

Por isso, quero dar um passo para trás dessa consciência de classe e focar na consciência de si.

O princípio é: Você precisa ter consciência de si, da sua realidade financeira e social e usar a política a seu favor.

Aqui o ponto de partida é individual. Não é atender pleitos de dirigentes sindicais, exigências dos patrões ou usufruir sem pensar dos benefícios sociais de um governo.

Quem você é?

É rico, pobre, branco, preto, deficiente físico e assim por diante.

Mora em que lugar?

Comunidade, condomínio fechado na Barra da Tijuca ou interior.

Sua realidade familiar. Como ela é?

Família tradicional. Família onde o pai abandonou. Casos de vícios, mortes ou tragédias.

Profissão. É professor, dentista, comerciante ou funcionário público.

A partir dessa consciência de quem você é, você deve então usar a política a favor dos seus interesses.

Seus Interesses

Sim! Seus interesses. Política é um jogo de poder de interesses. Você é prejudicado pela política porque os seus interesses não estão sendo representados.

Exemplo: Sou funcionário Público. Logo, preciso ter conhecimento de pautas legislativas e executivas que podem impactar a minha vida.

Pense nas grandes corporações que possuem os seus “lobistas” lutando pelos interesses em um determinado setor.

Integração de Interesses

Tendo consciência do que te impacta, ou impacta a sua área de atuação, você integra as suas necessidades com de outros. Seja por associações, clubes ou sindicatos.

Exemplo: Você mora em um determinado bairro e as ruas possuem uma precária sinalização de trânsito que impacta a sua vida e de seus filhos na hora de ir para a escola. Outros pais também tem a mesma necessidade que a sua, momento ideal para unir forças e fazer um pedido para a prefeitura, chamar alguém da imprensa. Sozinho dificilmente você irá conseguir. Só se você for um influenciador digital, mas um caminho é associação de moradores do seu bairro.

Seu bairro tem um? Tem, mas você não gosta. Não querer participar de uma associação de moradores é um direito seu. Mas, pessoas irão decidir por você. E o que escolherem, pode te impactar.

Pense fora da narrativa política

Política é um jogo de narrativas. Pare de sofrer porque o Bolsonaro falou isso ou porque Lula falou aquilo. Saiba que nossa estrutura política é superior a isso. E dependendo de quem você é e suas necessidades, um prefeito te impacta mais do que um presidente. Foque no concreto. O que está sendo tratado no legislativo e executivo. Fuja das distrações.

Uma maneira de fazer isso é entrar no site da Câmara dos Deputados, senadores, assembleias legislativas estaduais, câmara de vereadores e cadastrar o seu e-mail. Para receber o que está sendo votado. Ou cadastrar de um determinado político para saber o que ele está fazendo.

Não se deixe enganar por partidos de "direita" ou de "esquerda"

Aqui tem relação com o ponto anterior. A guerra de narrativas entre direita e esquerda, capitalismo e comunismo (que foge totalmente do sentido tradicional) pode te distanciar dos seus objetivos.

Exemplo: Você é um professor da área pública. De imediato você pensa que seus interesses serão atendidos pelo PT ou PSOL. Não necessariamente. Existem políticos que se prendem apenas ao teatro do discurso para gerar sensacionalismo. E de prático não fazem nada de concreto.

Outro exemplo engraçado são políticos que possuem discurso forte contra bandido e a criminalidade. Mas, nunca apresentaram um projeto de lei para tornar a legislação mais firme. Se vai ser votado ou não é outra história. Mas, apresentar um documento com uma proposta de lei, todo deputado pode.

Aí, nesse exemplo, você é assaltado ou alguém da sua família morre vítima de um crime. Você se revolta, mas na eleição vota em políticos que não trabalham em prol a essa pauta.

Ter consciência de si é o primeiro passo para a consciência de classe. Que possui várias facetas.

Você tem alguém na sua família com autismo? Então você precisa se juntar com pessoas que estão na mesma realidade que você. Participe de grupos com essa temática, produza conteúdos, siga artistas que falam sobre e vote em políticos que defendem qualidade de vida e direitos para os autistas. O político ganhou, nada foi feito. Na próxima eleição não vote nele. Simples assim.

Você é trabalhador e precisa andar de transporte público, ônibus e Uber. Essa é sua classe. Você precisa votar em vereadores que cobram a prefeitura por qualidade desses transportes. E não no miliciano que proíbe Uber no seu bairro para forçar você a pegar a van controlada por ele. Não vote nele. Mesmo que seu líder religioso diga que é um “homem de Deus”. Você não precisa falar que não irá votar nele porque pode ser arriscado, apenas não vote nele no momento da cabine da urna eletrônica. 

 Por fim, pense: O que vai acontecer se todos lutarem pelos seus interesses?

A resposta é: O jogo ficará mais equilibrado. Como no xadrez, se você não focar, apenas o outro irá ganhar. 

Hoje é desproporcional o conceito de equidade no jogo. Ainda na analogia do xadrez. É como se o outro jogador só tivesse Rainhas entre suas peças e você peões. Peão é limitado por natureza. Rainha tem mais oportunidade de movimento. Por isso que o peão precisa se esforçar para pegar alguns espaços que a Rainha tem ocupado. Se ele não se movimentar será comido. Simples assim.

Pense nisso.

Pedro Henrique Curvelo

Abril de 2024