A operação da Polícia Federal “Lava
Jato” é significativa no seu título de batismo por mexer com uma sujeira grossa
que, de tão complexa, sempre se empurrou para debaixo do tapete. Com a
transparência dos fatos, vivemos momentos de surpresa pela sociedade, medo por
parte dos corruptos, “oba-oba” da oposição e correria por parte da imprensa
devido a tanta informação.
Cada jato traz uma novidade que
está ligada a um deputado, este a um empresário, este a fulano de tal e assim
por diante. É um ciclo do “carma” político.
Essa sujeira sem fim traz um
problema sério. A falta d’água. Isso mesmo! Não há como sustentar por muito
tempo essa força da Lava Jato. Não há energia e nem estrutura para lidar com
tanta sujeira.
A sociedade não deve esperar que
uma operação policial venha a exorcizar nossa política.
Não é personificando o Lula para “Judas”
que iremos nos limpar.
Não é retirando um determinado
partido do poder que poderemos fechar a torneira.
Corrupção é um aspecto moral da
nossa sociedade. Não são apenas políticos que são corruptos. O que existe é um
povo corrupto que se manifesta na política. Uma vez escrevi se criticamos os
corruptos porque somos honestos ou porque somos invejosos. É comum ver um
cidadão fraudando compras no trabalho, desviando aquisições, mentindo na
declaração do Imposto de Renda, subornando um policial em uma blitz, colando nas provas, pagando uma
pessoa para amenizar em determinadas dívidas com a prefeitura, pagando um
advogado para fraudar uma aposentadoria e por aí vai. Somos criativos no
jeitinho.
Mas, voltando ao campo político.
Corrupção não foi gerada pelo PT. É institucional e hereditária. A nossa
herança vem desde a época da colônia. Para se ter uma ideia, quando a família
imperial chegou ao Brasil, alguns cargos políticos não tinham salário. Que
isso? Trabalho escravo? Não. Pelo contrário, fonte de dinheiro! Esses cargos
eram disputadíssimos. Uma vez entrando se fazia muito dinheiro.
Mas, não pense você que isso é
um mal de brasileiro. Corrupção existe em qualquer lugar em que o homem esteja.
O problema é que não temos pulso firme para lidar com isso.
A Lava Jato investiga o “diabo” e
quem fez pacto com ele. Mas, como esse esgoto é profundo, um momento a água
ficará fraca e não conseguirá revelar mais nada. Ela precisará decidir se
coloca o jato d’água apenas na Petrobras ou em todos os setores onde o cartel
de empreiteiras atuou.
Nosso poder judiciário precisa se
organizar para peneirar toda essa sujeira. Colocando-a na lixeira adequada.
Isto é, estruturar um processo de apuração, julgamento e punição.
Com isso visível, iremos evoluir.
Até lá, partidos da oposição pegam o lixo como marketing político, mas se
esquecem de ver que suas mãos também estão sujas.
A Polícia Federal uma hora
precisará fechar a torneira e falar para o judiciário: Limpa esse monte de lixo
já revelado! Do contrário, o vento irá dispersar. E acreditem, nossa nação tem
memória fraca.
Pedro Curvelo
Julho de 2015
Imagem: http://noticias.uol.com.br/album/2015/01/05/charges-2015.htm