quarta-feira, 5 de março de 2014
DEUS E O MACACO NO CONGRESSO AMERICANO
Recentemente através de uma projeto de lei, o congresso americano colocou Deus contra o macaco. O objetivo é barrar o ensino da Teoria da Evolução nas escolas. Intervir com a política nas questões religiosas é prática muito comum dos Republicanos, entre eles, o autor do projeto de lei, Rick Brattin do Estado do Missouri.
Há muita confusão na história do evolucionismo. Darwin nunca dissertou sobre QUEM criou, e sim, sobre o COMO fomos criados e evoluímos.
Uma certa vez mencionei que é ignorância querer colocar o criacionismo contra o darwinismo. O primeiro diz que Deus criou e o segundo que evoluímos de animais inferiores. Ora, criação divina é no âmbito da fé. Esta, como a própria bíblia define no livro de Hebreus "é a prova das realidades que não se veem" (Hebreus 11:1b - Bíblia de Jerusalém). Já a teoria da evolução se encontra no campo do empírico, na experiência. Não é verdade absoluta, por isso é teoria. Pois, pode ser reformulada ao longo dos anos.
Querer racionalizar ensinamentos religiosos é pura penúria, como foi o julgamento do professor de biologia John Scopes em 1925, por ter simplesmente ensinado a teoria da evolução para os seus alunos em Ohio nos EUA. O evento ficou conhecido como o "Julgamento do macaco". O promotor pegou a tese de um bispo ao dizer que Deus criou o mundo no dia 23 de outubro do ano 4004 a.C, às 9h. Precisamos aceitar que a bíblia não é um livro histórico. E sim, um livro religioso. Como tal, possui fragmentos mitológicos, alegóricos, históricos e antropológicos sobre a forma de ver o sagrado por um determinado autor ou sociedade. Querer afirmar datas, como foi o caso da criação é perigoso por falta de argumentação.
O equilíbrio precisa existir entre os religiosos. É preciso aceitar a diversidade que há na sociedade, quem tem ateus e religiosos de concepções teológicas diferentes da exposta no livro de Gênesis.
Por outro lado, o sistema educacional precisa zelar para que as aulas de biologia não se transformem em proselitismo do ateísmo de alguns professores. Focar no evolucionismo não significa atacar o criacionismo. O debate pode ser exposto livremente. No entanto, quando se trata de crianças é complicado. Elas ficam em desvantagem porque não possuem armas para enfrentar um debate que envolve ciência e fé.
Agora, barrar o ensino de Darwin, é voltarmos a um período de censura da liberdade de pensamento. O iluminismo veio justamente para fornecer ao homem outras óticas sobre a vida, além da ótica religiosa.
Sendo assim, o pensamento é livre. Já a fala tem os seus semáforos apenas para organizar o fluxo do conhecimento, mas não para impedi-la de andar.
Pedro Henrique Curvelo
Março de 2014
Imagem: http://biogeografia-ufsm.blogspot.com.br/2012/05/evolucionismo-e-criacionismo-aceitacoes.html
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