sexta-feira, 29 de novembro de 2013
O STRESS DE UMA VAQUINHA
Era uma vez uma vaquinha que morava no interior do estado de Goiás.
A vaquinha era feliz, tinha um nome, era acariciada, naturalmente produzia leite. Deste, uma família bebia todas as manhãs, produziam o queijo e a manteiga.
A vaquinha se sentia realizada ao alimentar algumas pessoas. Livre, caminhava, comia com toda calma do mundo o seu pasto e defecava sem censura. Sabia que sua bosta entraria num processo natural para gerar adubo para a terra produzir.
Certo dia tudo mudou. A vaquinha foi marcada com um ferro quente. Passou a ter uma letra ao invés de um nome.
Da noite para o dia viu suas tetas serem sugadas ao extremo para produzir leite. Por determinação do proprietário passou a ter uma meta diária de produção. No entanto, a tal meta não fora determinada pela natureza, mas pelo dono da vaca.
Tentou protestar, mas ninguém entendia o que ela falava e não tinha um sindicato.
O pasto que era seu lugar de diversão e entretenimento com as outras vaquinhas, passou a ser um campo de concentração. Foi forçada a comer, comer e comer. Não tinha tempo para conversar, pois era necessário comer mais.
Ela não tinha fome, mas tinha que engodar. Falaram que alguém iria comer o seu lombo. Depois falaram que até o seu fígado iriam comer.
No meio dessa rotina de produção, tentou relaxar com o boi e fazer amor. Mas o boi estava hiperativo! Pensou que tinha a virilidade de um Touro, pois tinha uma meta de produzir filhotes. A relação entre os dois entrou em crise. Mesmo assim, a vaca passou a ter filhos, mas eram tantos, que não dava para gravar o nome deles.
Ficou estressada! Os humanos, geralmente, para desacelerar voltam para a vida no campo. Mas, para onde a vaquinha poderia ir? Não tinha mais direito de fazer amor com o boi por prazer, tinha que comer até mesmo quando não queria. Era até mesmo criticada quando queria ruminar a comida. Passou simplesmente a engolir o mato que comia. Coitada! O desequilíbrio alimentar fez ela soltar umas bufas. Como consequência, foi acusada de destruir a camada de ozônio. Oi??!!!!
Sua auto estima caiu. Para o abatedouro determinaram sua ida. Mas, malandra, conseguiu fugir junto com outras vaquinhas para a Índia. Ouviu dizer que nesse país teria direitos e não pagaria nem pedágio.
Agora, o governo indiano junto com a ONU tentam solucionar o alto fluxo de imigrantes na Índia.
Por sorte, a vaquinha da nossa história está feliz e realizada. Falou que na Índia encontrou o seu verdadeiro eu e um outro boi para namorar. Ela arranjou até um emprego. Agora é professora de Yoga.
Pedro Henrique Curvelo
Novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
UM ÚLTIMO SUSPIRO
Um último suspiro e deixamos a morada temporária
Nosso espírito flui para uma outra dimensão, e percebemos
que antes, éramos peregrinos
Rompemos com o tempo e para o Eterno voltamos
Fragmentos de um Todo
A consciência do Eu evolui
Diante da roda da vida, honramos nossa temporalidade
O barro se traduz em húmus
e forma nossa humanidade
Com a mãe terra comungamos, pois dela viemos e um dia
voltaremos para ela
Nossos antepassados são memoriais da nossa finitude
Logo, enquanto houver folego, cantemos a canção
Enquanto houver força e vigor, levantemos nossos talentos
Enquanto houver coração, amemos aquele que é o nosso espelho
Estamos ligados em cada pessoa, formamos o Homem
No processo do nascer, engatinhamos
No processo do viver, corremos
No processo do morrer, descansamos
Do barro somos, que o nosso adubo abrace as sementes da
beleza chamada vida
Larguemos a ampulheta do medo
Andemos no Caminho com confiança
O amanhã é uma canção que não conhecemos
O Hoje é a nossa respiração
Pedro Henrique Curvelo
Novembro de 2013
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
O VINHO DE REBECA
Senhorita!
O que tem atrás dos seus óculos?
Beleza insondável! Olhos de uma imensidão onde me jogo sem te sentir.
Você anda de rosa, seus lábios vejo e sinto, por fim.
Macios, um êxtase sem fim.
Seu sorriso ganha uma nova cor com um vinho.
Vejo suas pernas nuas, beija-las e sentir, deixando o amor fluir.
Você se levanta, sabendo que é hora de ir embora.
Eu fico e vivo a utopia da repetição da música do encontro. Os ventos trazem a memória do seu rosto.
Eu enterro, deixo ir. Com gratidão aos Céus prossigo. Aquela cujo nome é Rebeca me espera.
De uma árvore desço e sigo o meu caminho.
Pedro Henrique Curvelo
Novembro de 2013
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