É possível colocar apenas os pés na margem e falar para todos que todo o corpo foi lavado com apenas um mergulho.
É possível mergulhar até a distância que a própria natureza e instinto suportam, voltar para areia e manter em sigilo essa experiência.
Meninos se viciam com a fantasia. Se perdem até a hora do almoço ou do dever de casa.
Homens enfrentam a realidade não abortando a fantasia. Sabem fazer uso dela para oxigenar a alma. Seja o encontro com a arte, a reflexão da leitura, o fantasiar em um carnaval ou a magia de um vinho.
Meninos tem as palavras ritmadas pela ansiedade e afobação.
Homens tem a responsabilidade de manter o sim quando verdadeiramente é sim. E o não quando verdadeiramente é não!
O que passar disso, o Filho do Homem já ensinou que não é saudável.
Um menino troca de identidade com um homem.
Simula um bigode que não tem. Sorri dessa fantasia.
Um homem usa a camisa de um super herói. Sorri ao perceber que ainda consegue se apegar ao mundo da ficção.
Ele sabe que os mitos precisam nos visitar antes de dormir.
Sorriram um para o outro. Um vendo a projeção do que ainda será.
O outro a nostalgia do que foi.
O corpo cresceu, mas a roupa continua do mesmo tamanho.
O corpo é pequeno, mas a camisa social tomou todo o corpo.
Ambos possuem o ontem, o hoje e o amanhã.
Cada um possui o código da vida. O mistério do abrir os olhos a cada manhã.
Ambos tem o mesmo Pai que é classificado como Nosso.
Ambos são filhos da viúva.
Eles são iguais. O Ontem e o Hoje. Ambos sem conhecer o Amanhã.
Pedro Curvelo
Novembro de 2016