A sociedade brasileira ficou
estarrecida com a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ao proibir a
venda do livro de Hitler no Rio. Tal atitude coloca os pensamentos de Hitler na
prisão novamente (O livro Mein Kampf foi
escrito quando Hitler esteve preso em Landsberg). No entanto, proibir a
comercialização do livro do ditador que virou o mundo de cabeça para baixo na
Segunda Guerra Mundial é encarcerar na verdade os nossos pensamentos.
Cada cidadão é livre para ler o
que quiser. Tem que partir do indivíduo o discernimento do que é bom ou do que é
ruim.
Eu li Mein Kampf (Minha Luta) durante a faculdade de História. Tal
leitura foi fundamental para a construção do meu trabalho de conclusão do curso
onde falei sobre “A participação da Igreja Luterana no Nazismo na perseguição aos
judeus”.
Particularmente a leitura desse
livro foi cansativa. Não há coerência em vários parágrafos do livro. Mesmo passando
por diversas revisões antes de ser publicada.
Amigo leitor, entenda: Eu li o livro do
Hitler e não me tornei nazista por causa disso. Da mesma forma, tenho um amigo que
leu o livro do Harry Potter e não se tornou bruxo e nem aprendeu feitiçaria
após a leitura.
Reforço o entendimento: Proibir a
leitura de certos livros é voltarmos a Idade Média onde a Igreja Católica
determinava o que podia ser lido ou não.
Proibir a leitura desse livro,
seja em caráter de curiosidade do leitor ou por um pesquisador acadêmico é
censura e fere a Constituição. Que liberdade é essa que temos onde um agente público
é quem define o que eu posso ler ou não?
Por fim, não está em jogo se as
ideias do louco do Hitler eram coerentes ou não. E sim, a nossa liberdade de
ler qualquer tema, criticarmos e formamos nossa opinião. Hitler não foi censurado
pela Justiça do Rio. A nossa inteligência é que foi.
Pense nisso!
Pedro Curvelo
Fevereiro de 2016
Imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mein_Kampf