Quando a sacralidade da religião se envolve com o secularismo da política, o sacro é então defraudado.
Desde Augusto, o Império Romano não tinha mais uma caráter expansionista. Dessa forma, manter a unidade era um grande desafio. Como unir um vasto território multiétnico? Através da Religião.
Com essa estratégia, Augusto se auto divinizou. Em paralelo, na China, Wang Mang, se colocou para os confucionistas como a reencarnação de vários imperadores. Mas, não se sustentou muito.
Para os romanos, o cristianismo caiu como uma luva! Na época, o discurso cristão era o da abolição das diferenças entre as pessoas. Discurso que não se manteve por muito tempo devido ao casamento com o Império. Construindo assim uma classe clerical que se mantém até os dias de hoje. Seja na Igreja Católica ou na Protestante.
O discurso do Apóstolo Paulo foi usado como estratégia pelo Império alguns anos depois. Mostrando igualdade entre romanos e não romanos. Apaziguando a tensão que existia nas cidades conquistadas.
Hoje, algumas igrejas acabam atrapalhando uma possível revolução política e social. Ao se colocar como "salvadora" para aqueles que são vítimas do sistema político operante, acabam abortando a revolta e reflexão das pessoas diante das cobras que existem na política. A cobra não morde o calcanhar das instituições religiosas porque não corre o risco de ser pisada por elas.
As igrejas preferem favores. Já se adaptaram ao banquete da Babilônia. Por exemplo, padres e pastores em Nova Iguaçu, preferem alguns favores do prefeito Bornier, ao invés, de protestarem contra a corrupção do seu currículo político. Isso se replica ao governo estadual e federal.
Pense nisso, hoje em dia não é necessário cortar a cabeça de João Batista, apenas a sua língua.
Pedro Curvelo
Agosto de 2013