sábado, 26 de julho de 2014

A OVERDOSE DE UM MONSTRO



Overdose
O exagero de tudo

De um gole mergulhou no álcool

De uma atração
Migrou para um bacanal onde até o próprio baco se escandalizaria

Em uma devoção espiritual
Tentado se viu em manipular o outro lado
Se mascarar e lucrar

De uma porneia migrou para as mais loucas extravagâncias

Do degustar para as amarras da gula

Do refletir de uma informação pulou para a fragmentação de todas
O profundo se tornou superficial
Tudo queria compreender
Era um dia
Uma noite

Do vazio de um quarto e de um silêncio interior queria escapar
De tudo se drogou, inclusive dele mesmo
No quarto se trancou
Em seu próprio gozo se sujou
Dimensões em sua mente criou
Ele queria subir sem as censuras
No ápice ao sono se entregar
Na esperança de que amanhã traga o encantamento do renovo
Da força a serenidade

Parado estava, mas dentro de si andava errante
Por sorte ou milagre, uma pequena chama ainda estava acessa na sua consciência
Pensar ainda pode. Decidir, no entanto, passou a ficar em extinção

No quarto ao invés do descanso
Há o tormento
Pela nudez da alma
O tormento do monstro chamado Eu

A válvula dele era o seu próprio androide
Em uma armadura se refugia
Do seu interior e do próximo se silencia
Percebeu a negligência em que se encontrava
Percebeu que a cura era se suportar em seu próprio quarto
Olhando com coragem para a sua nudez

Pedro Henrique Curvelo
Julho de 2014


 Imagem: http://jeygodoy.blogspot.com.br/2012/03/o-chamado-do-monstro.html

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